CONSULTA DE ENFERMAGEM GINECOLÓGICA NA APS: o cuidado que empodera mulheres e fortalece a prática profissional
Trabalho de Conclusão de Curso
A saúde da mulher constitui uma área prioritária dentro da Atenção Primária à Saúde (APS), integrando um conjunto de ações voltadas à promoção, prevenção e educação, com foco no cuidado integral ao longo de todos os seus ciclos de vida. Nesse contexto, o papel do enfermeiro(a) envolve um acolhimento humanizado, uma Consulta de Enfermagem Ginecológica (CEG) abrangente e resolutiva através do uso de protocolos devidamente validados e da identificação de necessidades ocultas, contemplando ainda, ações de rastreamento do Câncer de Colo de Útero (CCU) e de Câncer de Mama (CM). Este estudo tem como objetivo principal analisar as fragilidades e potencialidades enfrentadas pelos enfermeiros(as) da APS na realização da CEG. Trata-se de um estudo qualitativo, de abordagem exploratória-descritiva. A população-alvo foi composta por 11 enfermeiros atuantes na APS de um município do interior do Alto Vale do Itajaí, Santa Catarina. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista individual, utilizando questionário semiestruturado, respeitando-se os preceitos éticos previstos na resolução CNS n° 466/12. O estudo teve liberação do Comitê de Ética em Pesquisa da Unidavi expressa pelo parecer n° 7.666.679. Os dados foram tratados segundo a Análise de Conteúdo de Bardin, codificados e organizados em quatro categorias que abordaram a realização da CEG, bem como a prática, a busca por esse atendimento, o treinamento e a autonomia do enfermeiro na realização da CEG. Utilizou-se para a discussão a Teoria de Enfermagem de Hildegard Peplau, que descreve a Teoria das Relações Interpessoais. Os dados revelam as potencialidades identificadas na atuação do enfermeiro na CEG evidenciando o compromisso desses profissionais em realizar um cuidado humanizado e integral. Observou-se que os profissionais utilizam deste momento para realizar escuta ativa, esclarecer dúvidas e orientações às mulheres em todos os ciclos de sua vida. Além disso, a organização do fluxo do atendimento é definida de modo a favorecer a adesão das pacientes. O uso do prontuário eletrônico e de protocolos demonstra esforço dos profissionais em garantir a continuidade e segurança do cuidado ofertado, reforçando a autonomia e o protagonismo na assistência. Entretanto, foram identificadas também fragilidades que interferem na realização plena da CEG, onde a consulta ainda é frequentemente associada somente ao exame do preventivo, soma-se a isso a falta de capacitação e de educação continuada, a sobrecarga de trabalho, as deficiências estruturais e a ausência eventual de materiais adequados. Ademais, a escassez de recursos humanos compromete a execução das ações privativas do enfermeiro e a busca ativa das mulheres da comunidade. Por fim, é possível com o fruto desta análise, concluir que os enfermeiros se dedicam para executar uma assistência de qualidade nas CEG e que este compromisso necessita de capacitação continuada para o fortalecimento da autonomia.