Trabalho de Conclusão de Curso

O trauma configura-se como uma das principais causas de morbimortalidade no mundo, atingindo indivíduos de diferentes idades e contextos sociais. Lesões traumáticas, frequentemente decorrentes de acidentes e violências, exigem atendimento rápido e eficaz pelas equipes de saúde, visto que o tempo de resposta e a conduta inicial são determinantes para a sobrevida do paciente. Nesse contexto, o protocolo XABCDE tem sido amplamente utilizado como ferramenta padronizada para a avaliação inicial de pacientes traumatizados, permitindo a identificação precoce de riscos iminentes à vida e orientando intervenções imediatas que podem evitar o agravamento do quadro clínico. O enfermeiro, inserido em todas as fases do cuidado, do atendimento pré-hospitalar à reabilitação, assume um papel muito importante na aplicação das condutas técnicas, no suporte emocional e na integração da equipe multiprofissional. A atuação segura e fundamentada desse profissional é indispensável para uma abordagem sistematizada e eficaz na assistência ao trauma. Este estudo teve como objetivo geral verificar o conhecimento dos enfermeiros sobre o protocolo XABCDE no atendimento ao paciente traumatizado no pronto-socorro. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório e descritivo. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário semiestruturado, elaborado com base no protocolo XABCDE do trauma. Os dados foram analisados conforme a técnica de análise de conteúdo de Bardin e discutidos à luz da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta, que valoriza o cuidado integral e humanizado no exercício da enfermagem. Da análise emergiram três categorias centrais: "Lacunas de conhecimento sobre o protocolo XABCDE", "Desafios na aplicação do protocolo" e "Condutas do enfermeiro no atendimento ao trauma". A primeira evidenciou que, embora a maioria dos enfermeiros demonstre domínio teórico sobre as etapas tradicionais do protocolo, persistem dificuldades na compreensão e execução da etapa "X", especialmente quanto ao controle da hemorragia exsanguinante e à priorização das ações imediatas. A segunda categoria destacou barreiras estruturais e de capacitação que dificultam a aplicação prática do XABCDE, associadas à falta de treinamentos específicos, sobrecarga de trabalho e escassez de recursos nas unidades de emergência. Já a terceira categoria revelou que as condutas adotadas pelos enfermeiros estão fortemente relacionadas à sua experiência profissional, formação acadêmica e participação em cursos de atualização, refletindo diretamente na segurança e na eficiência das intervenções. Conclui-se que, embora os profissionais apresentem conhecimento conceitual satisfatório sobre o protocolo, ainda há necessidade de fortalecimento da educação permanente e dos programas de capacitação continuada, principalmente voltados às atualizações do ATLS® e à aplicação prática do XABCDE no contexto da urgência e emergência. O aprimoramento desse conhecimento é de extrema importância para promover um cuidado mais seguro, resolutivo e humanizado, contribuindo para a redução da mortalidade e para a melhoria dos desfechos clínicos em pacientes politraumatizados.