O CONHECIMENTO E PRÁTICAS DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA LESÃO RENAL AGUDA EM PACIENTES CRÍTICOS NA UTI
Trabalho de Conclusão de Curso
A característica fisiopatológica da Lesão Renal Aguda (LRA) consiste na diminuição da taxa de filtração glomerular. É uma das complicações mais frequentes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que corresponde de 20% a 40% de internações hospitalares, e possui uma elevada taxa de mortalidade variando entre 50% a 90% dos pacientes. A equipe de enfermagem por atuar na linha de frente do cuidado intensivo desempenha um papel fundamental na execução de medidas preventivas, na detecção precoce de identificação e na implementação de protocolos. Esta pesquisa tem como objetivo geral, analisar o conhecimento e as práticas dos profissionais de enfermagem na prevenção e manejo da lesão renal aguda em pacientes críticos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva do tipo exploratória, constituída na UTI de um hospital de grande porte localizado no interior do estado de Santa Catarina. A coleta de dados aconteceu por meio de roteiro de entrevista com 10 perguntas abertas. O público-alvo foram os enfermeiros(a) e técnicos(a) de enfermagem atuantes na UTI, submetidos à análise de conteúdo de Bardin e interpretados com base na Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Aguiar Horta. A análise das entrevistas permitiu identificar três eixos centrais que contemplam os objetivos do estudo e revelam um cenário de contrastes entre o conhecimento teórico, as práticas assistenciais e o uso de instrumentos e protocolos. Observou-se que a equipe de enfermagem demonstra conhecimento fundamental sobre a LRA, reconhecendo-a como um declínio rápido da função renal e identificando sintomas característicos, como a diminuição do volume urinário e o aumento dos níveis de uréia e creatinina. Os resultados também apontam que o cuidado ideal é comprometido por dificuldades significativas, como a ausência de treinamentos específicos e contínuos voltados à LRA, a falta de profissionais e limitações relacionadas ao manejo dos dispositivos. Verificou-se ainda fragilidade na estrutura de apoio organizacional, especialmente no que se refere à padronização de protocolos. Parte dos entrevistados relatou conhecer e utilizar instrumentos institucionais, como POP e bundles, enquanto outros afirmaram desconhecê-los ou não ter acesso a esses recursos. A ausência de protocolos formalizados, associada à falta de padronização e capacitação, reflete vulnerabilidades institucionais que precisam ser enfrentadas para garantir uma assistência sistematizada, segura e fundamentada em evidências. Conclui-se que a equipe de enfermagem, enquanto profissão comprometida com a promoção, a prevenção e a recuperação da saúde, desempenha papel decisivo no manejo da LRA em pacientes críticos. Sua atuação deve estar ancorada no conhecimento científico, na prática reflexiva e na humanização do cuidado. Assim, aprimorar a educação continuada, garantir a implementação efetiva de protocolos e fortalecer a autonomia profissional são medidas essenciais para elevar a qualidade da assistência, preservar a função renal e assegurar a integralidade do cuidado, conforme proposto por Wanda de Aguiar Horta.