O ENVOLVIMENTO DOS ENFERMEIROS DIANTE DA INSERÇÃO DE AÇÕES DE SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA
Trabalho de Conclusão de Curso
A Atenção Básica caracteriza-se como um ponto altamente estratégico para a oferta de cuidados em saúde mental, pois promove o encontro habitual entre enfermeiro-usuário, oportunizando o conhecimento do perfil comunitário em que o paciente está inserido, a criação e o fortalecimento do vínculo. O objetivo geral deste estudo foi avaliar o envolvimento dos enfermeiros diante da inserção das ações de saúde mental na Atenção Básica. Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, realizado com enfermeiras inseridas na atenção básica de um município do Alto Vale do Itajaí. A coleta de dados ocorreu por meio da aplicação de um roteiro de entrevista com perguntas abertas e fechadas. Os dados foram explorados através do método de análise de conteúdo de Bardin. Durante a análise dos dados elencou-se três categorias, sendo elas: conhecimento dos enfermeiros sobre as ações de saúde mental na Atenção Básica; ações de saúde mental desenvolvidas nas unidades básicas do município; e reconhecimento dos pontos da RAPS e a interação dos enfermeiros da Atenção Básica com a equipe multiprofissional. As discussões foram realizadas à luz da Teoria das Relações Interpessoais, de Peplau. As ações de saúde mental mais conhecidas pelas enfermeiras foram o acolhimento e os grupos terapêuticos; poucas mencionaram as abordagens de redução de danos, as ações direcionadas ao público infantojuvenil e as intervenções psicossociais avançadas. Quanto à realização de ações de saúde mental em suas unidades, a atuação foi convergente com os seus restritos saberes, o acolhimento foi o único dispositivo citado por todas as entrevistadas, seguido do desenvolvimento de grupos terapêuticos pelas equipes de saúde da família. As ações de promoção de saúde mental nas escolas, também foram abordadas por algumas enfermeiras. Quanto à intervenção de redução de danos, apenas a realização de testes rápidos foi mencionada como uma ação efetuada nesses serviços. Não são desenvolvidas intervenções psicossociais avançadas e nem ofertadas Práticas Alternativas Complementares nas unidades. O encaminhamento dos usuários com demandas de saúde mental a outros pontos da rede de atenção psicossocial continua sendo um dos principais processos realizados pelas enfermeiras da atenção básica no município. Ao correlacionar as ações desenvolvidas nas unidades com as práticas recomendadas pelo Caderno de Atenção Básica de Saúde Mental, percebe-se que até mesmo as poucas abordagens desenvolvidas no município destoam, de modo geral, do que é proposto pelo material. Evidenciou-se que o envolvimento das enfermeiras diante da inserção das práticas de saúde mental na esfera da atenção básica é bem limitado. Sendo assim, é relevante que os serviços de saúde busquem trabalhar questões de educação permanente abordando as práticas de saúde mental com os enfermeiros e demais profissionais da atenção básica, a fim de desmistificar as ações que podem ser desenvolvidas dentro desse âmbito da atenção e ampliar as práticas que já vem ocorrendo de forma restrita.