Prevalência de transtornos alimentares: estudo de casos em um centro de saúde mental de uma cidade do Alto Vale do Itajaí
Trabalho de Conclusão de Curso
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais DSM-5 (2014) os transtornos alimentares são definidos por uma perturbação constante na alimentação ou no comportamento relacionado à alimentação. Este comportamento tem impacto na alteração de absorção de alimentos que interferem na vida do indivíduo como um todo, tanto físico, emocional e psicossocial. A pesquisa ora apresentada analisou a prevalência de transtornos alimentares em usuários de um Centro de Atenção à Saúde Mental em uma cidade do Alto Vale do Itajaí. Por conseguinte, buscou-se verificar o perfil psicológico e as principais alterações emocionais, assim como os possíveis eventos desencadeadores e as principais características dos usuários com algum tipo de transtorno alimentar. Para isto, foi realizada uma pesquisa de abordagem qualitativa e quantitativa, documental. A pesquisa busca trazer assim uma reflexão necessária ao arcabouço científico sob os estudos de transtornos alimentares, visando promover a prevenção e um entendimento amplo acerca desta temática. O desfecho desta pesquisa mostrou que a maioria dos usuários selecionados que buscaram atendimento com alguma característica de transtorno alimentar eram mulheres na faixa etária entre 20 e 35 anos, e a minoria de adolescentes com idade entre 14 e 19 anos, sendo apenas um usuário do sexo masculino com idade de 20 anos. Dos usuários, 20% apresentaram ter baixa autoestima, e 49% ansiedade, com sintomas relacionados ao transtorno de compulsão alimentar. Destes usuários 65% tiveram vivências traumáticas na escola, sofreram bullying por causa de sua aparência física, sendo que 40% apresentaram sintomas emocionais de tristeza e raiva. A frequência de 60% dos usuários no tratamento psicoterápico variou entre 1 e 10 encontros, mostrando uma grande desistência durante os acompanhamentos, e 70% dos atendimentos aconteceram em março de 2020, no início da pandemia Covid-19, apresentando um impacto da pandemia na saúde mental dos usuários. Os achados desta pesquisa mostram-se de fundamental importância, pois apresentam as principais características sociais, emocionais e comportamentais destes transtornos, além de aspectos relacionados ao desenvolvimento e curso destes transtornos, de modo a favorecer a construção de políticas públicas para um atendimento qualificado, bem como ações de prevenção e promoção de saúde.